O Burnout ganhou destaque pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ao ser incluído na sua classificação internacional de doenças, em 2019, como um fenómeno ocupacional, isto é, por “culpa” do trabalho e não de uma condição médica.
Pelas piores razões, Portugal ocupa o primeiro lugar de um ranking que vem avaliar o risco de Burnout nos 26 países da União Europeia.
Portugal é o segundo país da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas.
Um em cada cinco cidadãos sofre de perturbação mental, sendo a depressão e a ansiedade, respetivamente, os dois problemas de saúde que mais afetam a população.
Cerca de 700 mil vivem com sintomas depressivos.
Para a OMS (2021), não há saúde sem saúde mental. A OMS define saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo tem consciência das suas capacidades, pode lidar com o stress habitual do dia a dia, trabalhar de forma produtiva, e é capaz de contribuir para a comunidade em que se insere”.
A figura a seguir mostra os países da Europa onde os trabalhadores têm menor risco de Burnout.
Fonte: Site Small Business Prices
A síndrome do Burnout é uma resposta à exposição de stress laboral crónico, cujos sinais afetam as várias dimensões pessoais, nomeadamente: física, emocional, mental, comportamental e social. De uma exaustão emocional, estende-se pelo sentimento de desumanização, em que a pessoa torna-se distante, mais impessoal nos seus contactos e menos empática.
Podemos prevenir o Burnout?
O problema não és tu, sou eu. Esta frase realça, no que se refere, a responsabilização das empresas e das organizações em relação à saúde mental dos seus trabalhadores. O problema está no local de trabalho e não nas pessoas.
Nos finais de 2019, Jeniffer Moss, especialista em temática laboral, alerta para essa mudança do paradigma, durante muitos anos a saúde mental no local de trabalho era vista como um problema individual que se resolvia recorrendo a técnicas e ferramentas simples.
A panaceia de que seriam as soluções pessoais, que cada trabalhador implementava: saber dizer “não”, exercícios respiratórios, fazer yoga ou praticar a resiliência. Hoje, são as empresas, nos seus líderes e gestores, que terão de assumir uma posição que não passa apenas por boas práticas e discursos motivacionais.
Actualmente a grande questão é que se pode e deve prevenir o Burnout, sendo necessário recorrer a uma “boa higiéne organizacional”, como um dos pontos fundamentais, onde se inclui o salário, condições de trabalho, políticas empresariais e administrativas, supervisão, relações de trabalho e segurança.
Para além disso, saber ouvir os seus colaboradores, o centro operacional, através da formulação de melhores perguntas é outro pilar tanto da promoção como da prevenção.
Outras premissas, tais como a adoção de uma micro gestão orçamental e ofertas de bem-estar como parte de uma estratégia e não apenas como medidas pontuais e isoladas, são determinantes para se atingir uma cada vez maior profilaxia laboral consertada, eficaz e eficiente.
As lideranças são uma parte determinadora da resposta, e parte dessa verdade está assente na necessidade de uma melhor comunicação entre pares, uma definição objectiva das funções de trabalho, uma gestão de tempo e carga de trabalho racionais, harmoniosas e ponderadas, e a existência de ética e de sentido de justiça no local de trabalho.
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